Dizia Leonard Feather, o famoso crítico de jazz, em seu livro Isto é Jazz: "Toda música tem sua origem plebéia, uma vez que emerge das tradições musicais populares. Os minuetos de Haydn ou Mozart não passam de um polimento dado às rústicas danças germânicas, do mesmo modo que os scherzos de Beethoven, ou as monumentais suites dos compositores russos. A maioria das árias de Verdi filia-se aos cantos primitivos dos pescadores napolitanos. É verdade que uma sombra de indignidade sempre envolveu a música, particularmente o executante de música, porque históricamente falta ao executante a dignidade do compositor. Mas o jazz é quase que somente uma arte do executante dependendo muito mais da sua improvisação e técnica do que da composição" E o que isto significa? É óbvio que, nas palavras de Feather, isto significa que o executante de jazz é, ele próprio, o verdadeiro compositor, o que lhe confere uma condição mais "digna" de criador, considerando que jazz não é propriamente um tipo diferente de música, mas sim o modo como se toca.
Que o diga Dick Farney com seu trio aqui apresentando o velho ( e ótimo) tema "Risque", de Ary Barroso, de forma soberba, provando que, se isto ainda fosse necessário, um bom tema pode ser explorado de forma magnífica, jazzisticamente falando.
Este monumento lançado pela Prestige DLP - 2001, em 1960, gravado ao vivo no teatro Municipal do Rio de Janeiro, para uma platéia de 2.500 pessoas - idealização, supervisão e apresentação do crítico de jazz Paulo Santos - traz o seguinte:
DICK FARNEY TRIO (Dick ao piano, Xú Viana no baixo e Rubinho Barsotti na bateria): "Risque", de Ary Barroso; "Um tema em fuga", do próprio Dick e "We´ll be together again", de Fish e Laine.
K-XIMBINHO TENTETO (K-Ximbinho no clarinete, Augusto Keller no oboé, Ary Paulo na trompa, Juarez no sax-tenor, Aurino no barítono, Paulo Moura no alto, Luiz Mendes no trompete, Vidal no baixo, Paulinho Magalhães na bateria e os sensacionais ritmistas Ramon, Jorge Arenas e Rubens Bassini): "Scarlet´s Gone" - adaptação de Paulo Santos para o tema Gone with the wind, de Wrubel e Magibson; "Sophisticated Lady", de Duke Ellington e "Just Walking", do próprio K-Ximbinho.
BRAZILIAN JAZZ QUARTET (Moacyr Peixoto no piano, Casé - sobre quem muito vamos falar aqui- no sax-alto, Rubinho Barsotti na bateria e Luiz Chaves no baixo): "Not so sleepy", de Mat Mathews; "Smoke Signal", de Gigi Gryce.
ALL STARS (Cipó no sax-tenor, Paulo Moura no alto, Aurino no barítono, Wagner Naegele e Clélio Ribeiro nos trompetes, Nelsinho no trombone, Fats Elpídio - outro músico nordestino que muito comentaremos aqui - no piano, Paulinho Magalhães na bateria e Waldyr Marinho no baixo): "Tema sem nome", de Cipó.
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