Philips P 630.438 L, 1961
Existe pouca informação na internet acerca de Auro Pedro Tomaz, o Gaúcho. Na minha opinião ele forma, juntamente com Chiquinho e Orlando Silveira, o trio de ouro da música instrumental brasileira tocada no acordeon. Natural de Santo Angelo, começou tocando banjo, que era um dos instrumentos "da moda", em 1942, no conjunto orquestral de seu pai, o Jazz Elite.
De Santo Angelo foi para Porto Alegre onde atuou durante tres anos na Rádio Gaúcha, formando no "Conjunto de Paraná" e na Orquestra Típica da Rádio.
Comentei, em outra postagem, que os músicos nordestinos ingressavam nas forças armadas para tocar, visto que não tinham dinheiro para comprar os instrumentos, via de regra. Mas com Gaúcho não foi diferente. Naquela altura, já um virtuose no acordeon, ingressou na Aeronáutica ocupando o posto de sargento-músico, transferindo-se para Recife quando foi participar da inauguração da Rádio Tamandaré, como chefe do conjunto dançante da Aeronáutica.
Em 1952, juntamente com Inaldo Vilarim, muda-se para a Rádio Jornal do Comércio onde criaram uma pequena orquestra de danças. Como curiosidade, foi lá que gravou pela primeira vez, acompanhando nada menos que Jackson do Pandeiro, também um artista iniciante.
Desligou-se da Aeronáutica em 1954 e foi para o Rio de Janeiro, para a então poderosa Rádio Nacional, meca dos grandes astros da música brasileira. Lá, conheceu Bola Sete com quem excursionou, naquele mesmo ano, pela Argentina, Chile e Peru. Na volta, ingressou no Copacabana Palace, na Orquestra de Copinha (Nicolino Cópia).
Logo em seguida, formou a sua própria orquestra e passou a atuar no Dancing Avenida, onde alguns de nossos melhores instrumentistas firmaram o seu renome.
Daí para a frente tem muita história - contarei depois nos posts de outros LPs de Gaúcho - e vamos nos ater a este disco, que é o seu segundo gravado para o selo Philips. Sambas e boleros não podiam ficar fora de qualquer repertório "decente" naquela época. O que fazia a diferença era a maneira como se interpretava aqueles temas, várias vezes gravados exaustivamente; e Gaúcho não decepciona. Com rara inteligência musical, superior até, eu diria, Gaúcho deita e rola acompanhado por Neco na guitarra, Pereirinha no baixo, e Léo Belloni na bateria. Muito bem escolhido o trio que o acompanha nesta bolacha. Neco e Gaúcho se entendem às mil maravilhas e são protagonistas de momentos exuberantes, principalmente quando tocam em uníssono, mostrando, cada qual, refinado virtuosismo. Além destes, temos também, os mestres percussionistas Jadir de Castro, Viñola, Alfinete, Luna e Alberto. Querem mais?
Na medida do possível, vamos acompanhar aqui no blog os "melódicos" gaúchos e seus músicos extraordinários, mostrando a incrível e fundamental importância que a região Sul teve no desenvolvimento da nossa MPB.
Aproveitem!
1. Vou Fazer Um Samba
(Evaldo Gouveia / Almeida Rego)
2. Mulher de Trinta
(Luis Antônio)
3. Dizem Por Aí
(Manoel da Conceição / Alberto Paz)
4. Já Vai
(Rubens Campos / Duba)
5. Cansei
(Luis Antônio / Djalma Ferreira)
6. Quero Morrer no Carnaval
(Luis Antônio / Eurico Campos)
7. Cheiro de Saudade
(Luis Antônio / Djalma Ferreira)
8. Ninguém É de Ninguém
(Umberto Silva / Toso Gomes / Luis Mergulhão)
9. Abrazame Así
(M. Clavell)
10. Nossa Culpa
(Murillo Latini / Bidú Reis)
11. O Sole Mio
(Di Capua)
12. Recuerdos de Ti
(Roque Carbajo)
13. Beija-me Depois
(Evaldo Gouveia / Jair Amorim)
14. Porque Ya no Me Quieres
(Agustin Lara)

Para ouvir agora:
Comentários