Pular para o conteúdo principal

Dois de dezembro - Dia do samba - Donga


























Marcus Pereira 403.5023,1974


"Apesar dos esforços do produtor J.C.Botezelli (Pelão), o mesmo realizador do lp de Cartola, este disco não pode sair em vida de seu homenageado. Ernesto Joaquim Maria dos Santos, nascido no Rio de Janeiro a 5 de abril de 1891, faleceu aos 83 anos, em 25 de agosto de 1974, quando o disco em sua homenagem estava em fase final de montagem. Falar da importância deste album-documento é dispensável. Donga, está ao lado de Pixinguinha e Sinhô, entre os mais importantes pioneiros da MPB, autor do primeiro Samba (registrado com este nome), o famoso "Pelo Telefone".

Na produção deste elepê, Pelão teve como consultores Ligia Santos, filha de Donga e Mozart de Araujo, conseguindo realizar um precioso documentário, com a participação de vários intérpretes, além do próprio Donga - inclusive com um trecho do depoimento que prestou ao MIS-GB, há alguns anos. Desfilam neste álbum as seguintes músicas, que revelam m pouco da grandeza música do admirável pioneiro: "Amigo do Povo", "Canção das Infelizes" (parceria com Luiz Peixoto, interpretação de Elizeth Cardoso), "Benedito no Choro", "Patrão prenda seu gado" (parceria com Pixinguinha e João da Baiana, na voz de Almirante), "Vertigem", "Seu Mané Luiz" (parceria com Baiano, interpretação de Leci Brandão e Marçal), "Cinco de Julho", "Ranchinho Desfeito" (parceria com De Castro e Souza, na voz do modinheiro Paulo Tapajós), "Ligia, teus olhos dizem tudo", "Pelo Telefone" (letra de Mauro de Almeida, na voz de Almirante), "Quando uma estrela sorri" (parceria com Villa Lobos e David Nasser, na voz de Gisa Nogueira).

Um elepê fundamental para a história da MPB é este "A Música de Donga", gravado nos dias 21 a 26 de agosto de 1974, com arranjos e regências do maestro Horondino José da Silva (do grupo Época de Ouro) e também Altamiro Carrilho, para a faixa "Ranchinho desfeito".

O texto acima é do grande jornalista Aramis Millarch, publicado originalmente no jornal Estado do Paraná, em 23/02/1975. O projeto de reprodução dos artigos escritos por Aramis é tocado por seu filho Francisco Millarch, por quem tenho grande apreço e admiração, e de quem, um belo dia, tive a ousadia de tentar comprar o acervo musical do velho Aramis. Fez muito bem em não ceder à tentação Francisco, parabéns pelo belíssimo trabalho de recuperação dos artigos do "velho"! O link está aqui


Foi difícil, creio que para qualquer pessoa, escolher um disco significativo para homenagear o Dia do Samba, Este LP, de um dos "pais" do samba me pareceu adequado, não costumo vê-lo publicado em outros blogs.

A ficha técnica é das mais animadoras e o conteúdo ainda melhor! Elizeth Cardoso, Leci Brandão, Almirante, Paulo Tapajós e Gisa Nogueira dão o ar da graça, acompanhados por ninguém menos que Dino 7 Cordas (violao 7 cordas e arranjos); Meira (violao); Canhoto (cavaquinho); Joel Nascimento (bandolim); Altamiro Carrilho (flautas e arranjos); Abel Ferreira (clarinete, sax); Luiz Paulo da Silva (bombardino); mestres Marcal, Elizeu e Jorginho (percussão). Timaço!
ps: Sabe por que o Dia Nacional do Samba cai em dois de dezembro? Não, não é a data de nascimento de Tia Ciata. Também não é quando gravaram "Pelo Telefone". Muito menos quando Ismael Silva e os bambas do Estácio fundaram a Deixa Falar. O Dia Nacional do Samba surgiu por iniciativa de um vereador baiano, Luis Monteiro da Costa, para homenagear Ary Barroso. Ary já tinha composto seu sucesso "Na Baixa do Sapateiro", mas nunca havia posto os pés na Bahia. Esta foi a data que ele visitou Salvador pela primeira vez. Engraçado, não? A festa foi se espalhando pelo Brasil e virou uma comemoração nacional. Atualmente duas cidades costumam comemorar o Dia do Samba, Salvador e Rio de Janeiro. (Paulo Eduardo Neves no seu impagável Samba-Choro)


Aproveitem!

1. Amigo do Povo
(Donga)

2. Canção dos Infelizes
(Donga / Luis Peixoto)
Intérprete(s): Elizeth Cardoso

3. Benedito no Choro
(Donga)

4. Patrão Prenda Seu Gado
(Pixinguinha / Donga / João da Bahiana)
Intérprete(s): Almirante

5. Vertigem
(Donga)

6. Seu Mané
(Donga / Baiano)
Intérprete(s): Leci Brandão / Mestre Marçal

7. Cinco de Julho
(Donga)

8. Ranchinho Desfeito
(Donga / De Castro e Souza)
Intérprete(s): Paulo Tapajós

9. Ligia Teus Olhos Dizem Tudo
(Donga)

10. Pelo Telefone
(Donga / Mauro de Almeida)
Intérprete(s): Almirante

11. Quando Uma Estrela Sorri
(Donga / Villa-Lobos / David Nasser)
Intérprete(s): Gisa Nogueira / Donga

12. Depoimento de Donga ao Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro Em 02/04/69


 http://www.mediafire.com/?0du9u3edqvd9o1m






Para ouvir agora:

Comentários

Adampi disse…
Esse disco é simplesmente MARAVILHOSO!

Postagens mais visitadas deste blog

Betinho e seu Conjunto Dançante No 1 - Copacabana CLP 11130 (1959)

Para ouvir o disco inteiro e melhores informações:  http://www.mediafire.com/download/xov...

OBALUAYÊ! - Orquestra Afro-Brasileira - Abigail Moura

Todamérica LPP-TA-11,  1957 Este LP é um dos mais importantes já lançados no Brasil. Na mesma linha do Native Brazilian Music (Leopold Stokowsky) e Songs and Dances of Brazil, ambos postados anteriormente. O maestro Abigail Cecilio de Moura nasceu em MG e esteve a frente da Orquestra Afro-Brasileira por quase trinta anos, considerando que a orquestra foi fundada em 1942 e ele faleceu em 1970. É um disco raríssimo que vale qualquer esforço adquirir pois se trata de rico material para músicos e pesquisadores. Achei o texto abaixo na internet e transcrevo aqui citando a fonte: http://pt.shvoong.com/humanities/arts/1943352-abigail-moura-orquestra-afro-brasileira/ Sua autoria está atribuida a Grégoire de Villanova e a leitura me faz depreender que tenha sido lançado um exemplar em cd recentemente, juntamente com um livro explicativo, contendo quatro músicas adicionais cuja procedência desconheço, este é o LP original de 1957. Portanto, se este post d

CHAIM... E SUAS TECLAS MÁGICAS - 1960

Copacabana CLP 11166 - 1960 Comecei a escrever sobre músicos brasileiros que, indignadamente, julgava não existir razão para serem atirados ao limbo, lá atrás, em 1999, para ser mais preciso. Tinha um site chamado "Tesouro Musical" que era abastecido pela minha coleção e pela inestimável contribuição dos sempre amigos: Sérgio Ximenes, um dos maiores colecionadores de discos do Brasil,o já conhecido pelos amigos do blog Niromar Fernandes, extraordinário violonista, e o meu caro e saudoso Caetano Rodrigues. Também tive a ajuda do Sindicato dos Músicos do Rio de Janeiro, que me abriu as portas para vários músicos e cheguei a levar o projeto de escrever um livro sobre o assunto ao Ministério da Cultura, obviamente em vão. Sem apoio financeiro para fazer pesquisas, viagens, etc, etc a coisa ficou inviável. Em 2001 registrei o site "Batutas". Mal poderia supor que, anos depois, o gigante UOL usaria este nome para designar a