sábado, 19 de setembro de 2009

Gaúcho e seu Trio - Sambas e Boleros























Philips P 630.438 L, 1961


Existe pouca informação na internet acerca de Auro Pedro Tomaz, o Gaúcho. Na minha opinião ele forma, juntamente com Chiquinho e Orlando Silveira, o trio de ouro da música instrumental brasileira tocada no acordeon. Natural de Santo Angelo, começou tocando banjo, que era um dos instrumentos "da moda", em 1942, no conjunto orquestral de seu pai, o Jazz Elite.

De Santo Angelo foi para Porto Alegre onde atuou durante tres anos na Rádio Gaúcha, formando no "Conjunto de Paraná" e na Orquestra Típica da Rádio.

Comentei, em outra postagem, que os músicos nordestinos ingressavam nas forças armadas para tocar, visto que não tinham dinheiro para comprar os instrumentos, via de regra. Mas com Gaúcho não foi diferente. Naquela altura, já um virtuose no acordeon, ingressou na Aeronáutica ocupando o posto de sargento-músico, transferindo-se para Recife quando foi participar da inauguração da Rádio Tamandaré, como chefe do conjunto dançante da Aeronáutica.

Em 1952, juntamente com Inaldo Vilarim, muda-se para a Rádio Jornal do Comércio onde criaram uma pequena orquestra de danças. Como curiosidade, foi lá que gravou pela primeira vez, acompanhando nada menos que Jackson do Pandeiro, também um artista iniciante.

Desligou-se da Aeronáutica em 1954 e foi para o Rio de Janeiro, para a então poderosa Rádio Nacional, meca dos grandes astros da música brasileira. Lá, conheceu Bola Sete com quem excursionou, naquele mesmo ano, pela Argentina, Chile e Peru. Na volta, ingressou no Copacabana Palace, na Orquestra de Copinha (Nicolino Cópia).

Logo em seguida, formou a sua própria orquestra e passou a atuar no Dancing Avenida, onde alguns de nossos melhores instrumentistas firmaram o seu renome.

Daí para a frente tem muita história - contarei depois nos posts de outros LPs de Gaúcho - e vamos nos ater a este disco, que é o seu segundo gravado para o selo Philips. Sambas e boleros não podiam ficar fora de qualquer repertório "decente" naquela época. O que fazia a diferença era a maneira como se interpretava aqueles temas, várias vezes gravados exaustivamente; e Gaúcho não decepciona. Com rara inteligência musical, superior até, eu diria, Gaúcho deita e rola acompanhado por Neco na guitarra, Pereirinha no baixo, e Léo Belloni na bateria. Muito bem escolhido o trio que o acompanha nesta bolacha. Neco e Gaúcho se entendem às mil maravilhas e são protagonistas de momentos exuberantes, principalmente quando tocam em uníssono, mostrando, cada qual, refinado virtuosismo. Além destes, temos também, os mestres percussionistas Jadir de Castro, Viñola, Alfinete, Luna e Alberto. Querem mais?

Na medida do possível, vamos acompanhar aqui no blog os "melódicos" gaúchos e seus músicos extraordinários, mostrando a incrível e fundamental importância que a região Sul teve no desenvolvimento da nossa MPB.


Aproveitem!

1. Vou Fazer Um Samba
(Evaldo Gouveia / Almeida Rego)

2. Mulher de Trinta
(Luis Antônio)

3. Dizem Por Aí
(Manoel da Conceição / Alberto Paz)

4. Já Vai
(Rubens Campos / Duba)

5. Cansei
(Luis Antônio / Djalma Ferreira)

6. Quero Morrer no Carnaval
(Luis Antônio / Eurico Campos)

7. Cheiro de Saudade
(Luis Antônio / Djalma Ferreira)

8. Ninguém É de Ninguém
(Umberto Silva / Toso Gomes / Luis Mergulhão)

9. Abrazame Así
(M. Clavell)

10. Nossa Culpa
(Murillo Latini / Bidú Reis)

11. O Sole Mio
(Di Capua)

12. Recuerdos de Ti
(Roque Carbajo)

13. Beija-me Depois
(Evaldo Gouveia / Jair Amorim)

14. Porque Ya no Me Quieres
(Agustin Lara)



 http://www.mediafire.com/?h3aodlad3i26fst






Para ouvir agora:

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Bola Sete - Ritmolandia























Odeon MOFB 3065, de 1959

Djalma de Andrade era o seu nome. A música sua vida. Este, seguramente, não é o seu melhor disco, mas é um dos mais raros. Com sua guitarra Epiphone em punho, Bola desfia seu estilo peculiar numa série de sucessos da época. Destaque para as músicas de Ary Barroso, um de seus compositores preferidos.

Poderia ficar horas escrevendo sobre Bola Sete, mas existe muita informação disponível na internet. Deixo com voces, para eventual pesquisa, o site oficial que é dirigido por sua viúva, Anna Sete. Se quiserem trocar emails com ela, não se façam de rogados, ela adora conversar com brasileiros. Seu conhecimento da carreira do Bola nos USA, a partir de 1959, é total. No que diz respeito ao Brasil ela tem dúvidas e, às vezes, trocamos correspondência quando necessitamos dirimir alguma: www.bolasete.com

A curiosa capa é obra de dois mestres: César Vilella e Chico Pereira. A arte gráfica do lado direito da foto é sensacional e muito pouco utilizada na época.


"Bola Sete is as significant as Jimi Hendrix and Segovia, in the sense of having wisdom, knowledge, soul and passion." (Carlos Santana)

Aproveitem!

1. Você Já Foi à Bahia
    (Dorival Caymmi)

2. Falsa Baiana
    (Geraldo Pereira)

3. Os Quindins de Yayá
    (Ary Barroso)

4. Frenesi
    (Alberto Dominguez)

5. Tico-tico no Fubá
    (Zequinha de Abreu)

6. Por Causa Desta Cabocla
    (Ary Barroso / Luis Peixoto)

7. Saudade da Bahia
    (Dorival Caymmi)

8. Recado de Olinda
    (Luis Bandeira)

9. La Mer
    (Charles Trenet)

10. Adios
    (Enric Madriguera)

11. No Tabuleiro da Baiana
    (Ary Barroso)

12. Hight Society
    (Cole Porter)




 http://www.mediafire.com/?a1rit1i464ycp29






Para ouvir agora:

sábado, 5 de setembro de 2009

Viva São Jorge - Os Cariocas
























Columbia LPCB 22001, de 1956

Esta postagem ficaria muito óbvia se fosse hoje dia 23 de abril, quando se comemoram as festas do santo guerreiro.

Um disco raro e curioso este aqui. Não encontrei nenhuma informação sobre os músicos que compõem a orquestra de Severino Filho, muito menos sobre o côro. A dedução que se trata de Os Cariocas é minha, mas é muito improvável que não seja a sua segunda formação, com a entrada de Hortencia Silva, irmã de Severino no lugar do também irmão, Ismael Neto, falecido precocemente em 1956, com produção de Roberto Corte Real para o selo Columbia, depois CBS.

O disco é ótimo, incluindo uma pouco conhecida gravação da "macumba" de J.B. de Carvalho - Salve Ogum - valendo ressaltar que a capa foi "Gentilmente cedida pelo Frigorífico Wilson do Brasil S.A.". Melhor impossível...

Aproveitem!

1. Vinte e Três de Abril
    (Ari Monteiro / Roberto Martins)
    Samba-canção

2. Espada de São Jorge
    (Ari Monteiro / Ari Rabelo)
    Samba

3. São Jorge Guerreiro
    (Antônio Almeida)
    Batuque

4. Salve Ogum
    (J. B. de Carvalho)
    Macumba

5. Padroeiro do Brasil
    (Irany de Oliveira / Ari Monteiro)
    Samba

6. Capitão Guerreiro
    (Antônio Gonçalves da Cruz / Carlos Alberto da Silva / A. Ribeiro Cunha)
    Samba

7. Ogum É São Jorge
    (Roberto Martins / Ari Monteiro)
    Samba-jongo

8. São Jorge dos Brasileiros
    (Ari Monteiro / A. Rebelo)
    Samba










Para ouvir agora:

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Moacyr Marques - No Balanço do Samba

moacir marques,brazilian jazz,brazilian instrumental,edgardo luiz


Anteontem, 01 de setembro, Biju, ou Bijou, completou 82 anos de idade. Eu pensei escrever muita coisa sobre este extraordinário músico. Pensei que poderia começar sobre a diferente grafia do seu nome ou talvez sobre a diferente grafia do seu apelido, mas nada disto importa.  

Marcelo Einsenhower de Farias, um batalhador invencível na divulgação da obra de Bijou, ontem me mandou um email contando sobre a dificuldade para encontrar os herdeiros do selo Tiger, que pertencia ao maestro Guio de Moraes, tentando, por enquanto sem sucesso, lançar o disco "Jazz&Bossa Nova", uma obra prima, mas, ao mesmo tempo, da felicidade obtida em presentear nosso insosso mercado de música instrumental com o CD do mestre, "Sexteto Brasil Concerto". Então, sem maiores delongas, vamos ao link do site do Marcelo onde voces poderão descobrir tudo sobre este importante músico e adquirir o CD: Bijou - Sexteto Brasil Concerto

Aqui é o Albatroz LPA 6507, de 1961

Com Moacir Marques (Sax), Sergio Carvalho (Piano), Carlinhos (Bateria), Carlinhos (Baixo), Juca (Ritmo), Santos (Piston) e Edgardo Luiz E Rhayr Vieira (Cantores). 

Cabe ressaltar que o paulista Edgard(o) Luis era um dos preferidos de João Gilberto pela sua maneira de cantar sem utilizar os famosos vibratos que estavam em voga na época. Mais um ponto pro Bijou...

Faixas:

1. Roda de Samba
    (Edgardo Luis / Álvaro Franco)

2. Tema do Boneco de Palha
    (Vera Brasil / Sivan Castelo Neto)

3. Distante do Amor
    (Edgardo Luis / Álvaro Franco)

4. Mestre Tempo
    (Moacir Marques "Bijú")

5. Parti
    (Ed Lincoln / Silvio César)

6. História Singular
    (Esdras Pereira da Silva / Armando Cavalcanti)

7. Vai Todo o Dinheirinho
    (Norival Reis / Jorge Duarte)

8. Você Tem Que Balançar
    (Guio de Morais)

9. Samb-dul-ju
    (Sergio Carvalho / Paulo Bruce)

10. Canção Solta no Ar
    (Rildo Hora / Clóvis Mello)

11. Nada Interessa
    (Edgardo Luis / Amaury Nunes)

12. Vou Fazer Um Samba
    (Evaldo Gouveia / Almeida Rego)


 http://www.mediafire.com/?ajwoboaus0i8x41






Mudança de ventos!

Dez anos depois, ainda precisamos ouvir com atenção Em 2015, quando registrei a última postagem neste blog, o vinil já ensaiava sua volta, ...