segunda-feira, 30 de novembro de 2009

OBALUAYÊ! - Orquestra Afro-Brasileira - Abigail Moura




























Todamérica LPP-TA-11,  1957




Este LP é um dos mais importantes já lançados no Brasil. Na mesma linha do Native Brazilian Music (Leopold Stokowsky) e Songs and Dances of Brazil, ambos postados anteriormente. O maestro Abigail Cecilio de Moura nasceu em MG e esteve a frente da Orquestra Afro-Brasileira por quase trinta anos, considerando que a orquestra foi fundada em 1942 e ele faleceu em 1970. É um disco raríssimo que vale qualquer esforço adquirir pois se trata de rico material para músicos e pesquisadores. Achei o texto abaixo na internet e transcrevo aqui citando a fonte: http://pt.shvoong.com/humanities/arts/1943352-abigail-moura-orquestra-afro-brasileira/
Sua autoria está atribuida a Grégoire de Villanova e a leitura me faz depreender que tenha sido lançado um exemplar em cd recentemente, juntamente com um livro explicativo, contendo quatro músicas adicionais cuja procedência desconheço, este é o LP original de 1957. Portanto, se este post desagradar a alguém, por favor me faça saber, retirarei imediatamente.


"De que elementos é formada a memória brasileira? Quais componentes estão presentes na vida dessa “jovem” nação de quinhentos anos, que ainda hoje luta para forjar uma personalidade própria?
Durante quase trinta anos o maestro Abigail Moura esteve à frente da Orquestra Afro-brasileira, doando-lhe seu esforço como se fora devoção religiosa. Antes de cada apresentação, agia como um sacerdote rendendo graças, elevando o palco a espaço sagrado. Sem dúvida essa Orquestra é parte importante no resgate da memória nacional.
A Orquestra nasceu em 1942 como um grupo voltado à divulgação da arte e cultura musical negra brasileira. Apoiava-se nos instrumentos de percussão, base da sonoridade “bárbara”, presente a harmonia nos instrumentos ditos “civilizados”: piano, sax, trombone.


Em suas pesquisas, o maestro Abigail incorporou percussivos originais como agogô, adejá, o urucungo, afoxé, atabaques e a angona-puíta... espécie de ancestral em tamanho grande da cuíca brasileira. A escola contemporânea, apoiando-se nos instrumentos harmônicos, seria a constatação da evolução musical dos afro-brasileiros. Aqui precisamos lembrar que a Abolição da escravatura deu-se entre nós apenas em 1888.
A história da Orquestra é marcada tanto pela presença do divino, como por fatos estranhos. Por exemplo, Maria do Carmo – sua cantora oficial, certo dia, ao fim de uma apresentação, teria enlouquecido, jamais voltando a cantar. Figura imprescindível, cujo nome se confunde ao da própria Orquestra, o maestro Abigail Cecílio de Moura, era mineiro e faleceu em 1970. Até o fim de seus dias levou uma vida honrada e pobre, acalentando o sonho de ver sua orquestra retornar ao brilho dos grandes dias. Era copista da Rádio MEC, função que exerceu até sua morte.
A Orquestra despertava interesse por ser considerada “exótica” e muitos iam aos concertos por curiosidade. Sua diversidade musical ia do maracatu ao frevo, jongo, temas do folclore, cânticos de umbanda e candomblé, privilegiando as heranças nagô e bantu, católica portuguesa e a presença indígena.
O livro, acompanhado de um CD com o registro sonoro do primeiro LP gravado pela Orquestra em 1957 (Obaluaye), traz mais algumas canções, totalizando treze músicas."


Aproveitem!

1. Apresentação de Paulo Roberto, e

2. Chegou o Rei Congo
    (Abigail Moura)
    Batuque

3. Calunga
    (Abigail Moura)
    Batuque

4. Amor de Escravo
    (Abigail Moura)
    Jongo

5. Saudação ao Rei Nagô
    (Abigail Moura)
    Batuque

6. Festa de Congo
    (Abigail Moura)
    Maracatu

7. Babalaô
    (Abigail Moura)
    Cântico noturno

8. Liberdade
    (Abigail Moura)
    Batuque

9. Obaluayê
    (Abigail Moura)
    Lamento



 http://www.mediafire.com/download/ah8kl2838axr4x6/A_Orquestra_Afro_Brasileira.zip






Para ouvir agora:

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Wanderley Taffo - Siles e seu Conjunto - Samba Society



























RGE XRLP 5021 e Beverly LPCM 4038, ambos de 1958


Quem foi Siles? Muitos poderão fazer esta pergunta diante da falta de informações acerca deste excepcional músico que atendia pelo apelido de Siles, Syles ou Silis. Então vamos lá: nascido Wanderley Taffo (Ribeirão Preto - SP), em 26 de abril de 1926, Siles demonstrou vocação para a música precocemente. Aos treze anos de idade tocava na famosa "Banda Italiana". Ainda menor, tocou, também, na casa Jazz Progresso e na Jazz Band Bico Doce (ótimo nome!), para depois tocar na PRA-7 Rádio Clube, tudo isto em Ribeirão Preto. Aos dezessete anos foi primeiro clarinete da Orquestra Sinfônica desta cidade! Transferiu-se para a Rádio Tupy de São Paulo, onde deu vazão ao seu imenso talento como músico e arranjador, chefiando o conjunto da rádio por mais de dez anos.

Ainda em São Paulo, trabalhou na TV Tupy em um programa de calouros com o animador Alfredo Borba. Voltou para Ribeirão Preto, onde novamente atuou na Orquestra Sinfônica e lecionou música no Educandário Coronel Quito Junqueira. Foi casado com a excelente cantora Rosa Pardini e teve dois filhos: os gêmeos Wanderley e Fátima. Wanderley Taffo Jr faleceu precocemente ano passado: era Wander Taffo um dos nossos maiores guitarristas, considerado um dos melhores do mundo. Siles casou-se pela segunda vez, com Célia Aparecida da Silva, com quem teve o filho Julio Ayres. Faleceu, em 15/7/1979, em sua cidade natal.

Eu tenho particular admiração por este disco, primeiramente pelos arranjos de Siles (basta ouvir a versão para samba de "Rock around the clock" e deixar o queixo cair!), em segundo lugar pelo repertório de muito bom gôsto e, por último, pela escolha dos execelentes músicos que o acompanham, só feras do naipe de Orlando Silveira no acordeon, de Esmeraldino (Mestre Esmê) no cavaquinho, de Poly nas guitarras, de Rago no violão, o baixista e o pandeirista eu não tenho certeza quem são mas arrisco, sem muito medo de errar, que são Correia e Zequinha. Quem puder ajudar, agradeço muito. A titulo de curiosidade: a faixa Samba Society é de autoria do também ribeirãopretano Altamir Penha. Brevemente vamos colocar seu disco com o irmão Edson Penha "Violões em Hi-Fi", lançado pela Farroupilha, aguardem!

Aproveitem!

1. Samba Society (Altamir Ruben Penha)

2. Samba no Perroquet (Djalma Ferreira)

3. O Relógio da Vovó (Fafá Lemos / Chiquinho do Acordeom / Garoto)

4. No Rancho Fundo (Ary Barroso / Lamartine Babo)

5. O Orvalho Vem Caindo (Noel Rosa / Kid Pepe)

6. Rock Around The Clock (Freedman / De Knight)

7. Moonglow (Lange)

8. Contraste (Osvaldo Quirino / Sidney Morais)

9. Guacyra (Hekel Tavares / Juraci Camargo)

10. Caravan (Duke Ellington)

11. Cheek To Cheek (Irving Berlin)

12. Faceira (Ary Barroso)




 http://www.mediafire.com/?2avwefxhi4mfegw






Para ouvir agora:

domingo, 22 de novembro de 2009

Rogério Duprat - Brasil com "S" - EMI EMCB 7005 - 1974

























EMI/Odeon EMCB 7005, 1974


Este LP do maestro Rogério Duprat é bem pouco conhecido, acredito que a postagem, embora dê um salto em alguns anos na linha que vinhamos adotando, seja  bem pertinente.  A minha impressão é que Duprat paga uma espécie de "dívida" com os militares lançando um disco com repertório completamente nacionalista. Tudo por conta, suponho, do seu envolvimento com os tropicalistas e com os Mutantes. Mas, se isto é verdadeiro, Duprat o faz à sua moda.

É fácil dizer que Duprat foi o "George Martin" da geração tropicalista, uma espécie de pai, homem mais velho e responsável pelos arranjos e sacadas geniais que fizeram a cabeça daquela geração. Mesmo neste disco, recheado de sambas ufanistas, sua batuta enviezada, torta mesmo, não deixa de estar presente um minuto sequer. Sem querer alongar a conversa (bom mesmo é ouvir) como imaginar "Aquarela do Brasil", ou mesmo "Isto aqui o que é", com guitarras "fuzz" juntamente com gaitas de boca, tal qual um Frank Zappa alucinado (aliás Duprat foi colega de Zappa, quando ambos estudavam com Stockhausen, na Alemanha) se não nos rendermos a afirmativa que este som só poderia ter sido parido na cabeça do mestre genial? A lamentar a completa desinformação acerca de músicos e coral, falha imperdoável da EMI/Odeon.

Deixo voces na companhia do próprio maestro, na entrevista inédita concedida ao amigo jornalista Fernando Rosa e Matinas Suzuki, vergonhosamente desfigurada pela revista Bizz, quando publicada em 2003. Duprat faleceria, vencido por um cancer no estômago, em 2006. A entrevista está aqui e o link do Senhor F (impagável e-zine do Fernando Rosa) está na lista de blogs ao lado. Obrigado Fernando!

Aproveitem!

1. Aquarela do Brasil
(Ary Barroso)

2. Isto aqui o que é
(Ary Barroso)

3. Brasil Usina do Mundo
(João de Barro / Alcyr Pires Vermelho)

4. Rio de Janeiro
(Ary Barroso)

5. Brasil
(Benedito Lacerda / Aldo Cabral)

6. Onde o céu é mais azul
(João de Barro / Alberto Ribeiro / Alcyr Pires Vermelho)

7. Canta, Brasil
(David Nasser / Alcyr Pires Vermelho)

8. Tudo é Brasil
(Vicente Paiva / Sá Roris)

9. Minha terra
(Waldemar Henrique)




 http://www.mediafire.com/?ordqjn9ox9anj42






Para ouvir agora:

Mudança de ventos!

Dez anos depois, ainda precisamos ouvir com atenção Em 2015, quando registrei a última postagem neste blog, o vinil já ensaiava sua volta, ...